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Dados, Informações e Conhecimento em Saúde – Compartilhando Reflexões – por Dr. Henrique Serra

Dados, Informações e Conhecimento em Saúde – Compartilhando Reflexões – por Dr. Henrique Serra

Vejo constantemente gestores empresariais buscando informações na Conta Médica para tomada de decisão. E qual não é a decepção ao serem presenteados com arquivos formados por dezenas de colunas e milhares de linhas que fazem lembrar uma cena do filme “Matrix”. Dados indecifráveis passando à sua frente na tela do computador.

Porém, são dados organizados de maneira tabulada e sequencial que, aos que não sabem ler aquela linguagem, nada querem dizer. São meros dados armazenados. As letras deste artigo são também consideradas apenas dados, mas quando são lidas numa sequência lógica transformam-se em informações: as palavras. Isso nos remete a um importante conceito: a informação advém da organização de dados.

A conta médica tem que ser organizada. São milhares de linhas com os dados do indivíduo: nome, idade, sexo, código de procedimentos médicos e suas datas, valor monetário entre outras dezenas de dados. Para saber sobre um indivíduo tenho que agrupar os dados sobre ele e ordená-los temporalmente para entender sua história. Consigo então conhecer esse indivíduo e a população a que pertence, analisando seus pares. No caso de uma empresa, consigo entender a distribuição etária de uma população, quantidade de cirurgias cardíacas, de joelho e quantos partos foram realizados, criando índices e os comparando com os de outras populações. E assim, a partir da mais simples organização de dados até os cruzamentos mais complexos dos mesmos é que podemos extrair informação.

Porém, informações por si só também não são muita coisa. Determinadas informações em saúde podem ser úteis para alguns gestores e não dizer nada a outros. Imaginem 2 empresas: #1. Empresa de atendimento telefônico com 4.000 funcionários jovens, entre 18 e 25 anos de idade, sendo 80% deles mulheres e #2. Carteira de 6.000 aposentados com idade média de 55 anos. A informação obtida na conta médica sobre o número de partos e suas complicações com a utilização de UTI neonatal é de grande relevância para a empresa #1 e nada importante para a empresa #2. Por outro lado, informações sobre hipertensão e câncer, cujas incidências aumentam com a idade de maneira geral, são muito mais relevantes para uma tomada de decisão na empresa #2 para a construção de programas de prevenção e assistência e pouco importantes na empresa #1. Quando trabalhamos as informações de saúde de maneira adequada estamos gerando conhecimento.

Assim, da mesma forma que os dados quando organizados geram informação, a informação quando organizada gera conhecimento. As letras organizadas deste texto formam palavras que, organizadas formam frases, parágrafos que, ao serem lidos, geram conhecimento.

Existe uma enorme quantidade de dados em saúde disponíveis atualmente num cenário em que as empresas desconhecem a própria realidade: possuem os dados, alcançam pouca ou nenhuma informação e, consequentemente, nenhum conhecimento.

Dados em saúde devem ser organizados, analisados, trabalhados, cruzados e compreendidos dentro de ferramentas de BI (Business Inteligence) que já são realidade e estão se tornando imprescindíveis e mandatórias na gestão de saúde populacional. Ferramentas atuais já permitem o cruzamento dos atestados médicos, passagens em pronto-socorro, compra de medicamentos em farmácias e dados de exames periódicos para estratificar novos riscos individuais e populacionais, abrindo novas perspectivas na solução de problemas e gerando conhecimento de valor.

O conhecimento não é explícito como os dados e as informações. É abstrato e sofre influência das vivências e experiências de cada um de nós. Assim, os mesmos dados, trazendo exatamente as mesmas informações podem trazer conhecimentos diversos quando analisados por pessoas diferentes.

Pela imensidão do universo de dados e informações que nos espera num mundo de big data, o compartilhamento de diferentes conhecimentos construirá os modelos e soluções do futuro.

Teremos muito o que pensar.

Artigo por Dr. Henrique Serra, Gestor Médico da Funcional Health Management.

*Proibida a reprodução desse conteúdo sem citação da fonte.

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