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Gestão de Saúde Populacional: o futuro que está atrasado – por Ricardo Ramos

Gestão de Saúde Populacional: o futuro que está atrasado – por Ricardo Ramos

Com o fim da “roda financeira” promovida pela inflação no final da década de 90, os gestores envolvidos na saúde suplementar se viram obrigados a aumentar seu controle e atuação ativa sobre os recursos que administravam, mas infelizmente não fizemos nossa lição de casa.

Além dessas medidas tangíveis aos gestores, estava em curso uma mudança sem precedentes no comportamento da demografia brasileira, com aumento significativo das pessoas mais idosas, gerando impacto direto sobre o consumo dos recursos de saúde como um todo.

O setor da saúde foi o primeiro a sofrer esse impacto negativo da mudança demográfica; a previdência social será a próxima vítima, e não por acaso a Reforma da Previdência está sendo discutida calorosamente no Congresso Nacional.

Portanto, além do desafio de administrar os cada vez mais escassos recursos financeiros diante desse cenário, os gestores de carteiras de saúde estão hoje obrigados a serem provedores de saúde em regime de prevenção, para que suas respectivas populações estejam cada vez mais saudáveis e com gastos adequados, e minimamente previsíveis.

Essa mudança no modelo de gestão não é fácil, rápida ou barata; envolve todos os atores dessa cena, desde os provedores financeiros dos planos de saúde e operadoras, até o próprio paciente que precisa ser empoderado e responsabilizado por suas ações.

Mas o que não dá mais para aceitarmos é nossa letargia. Sim, estamos muito lentos para responder a essa ação de forma adequada. Participo há anos de eventos de gestão de saúde e batemos sempre nesse mesmo ponto, mas são muito poucas as ações práticas, replicáveis e escaláveis.

Traçar o perfil epidemiológico de sua carteira, desenvolver ações de prevenção (primária, secundária, terciária ou quaternária) e acompanhar os indicadores de performance dessas ações já não são mais uma novidade, mas sim uma obrigação de qualquer gestor.

Também parece óbvia a necessidade de implantarmos o modelo de atenção primária à saúde, com valorização do médico generalista e gestão da população, através de uma rede referenciada muito bem trabalhada e com incentivos financeiros de vanguarda.

É obrigatório um modelo que garanta aos pacientes crônicos (cada vez mais populosos) a continuidade do seu tratamento medicamentoso no longo prazo, pois do contrário, as ações de prevenção e atenção primária de nada irão adiantar.

Não há uma regra de gestão que sirva para toda e qualquer situação ou carteira de saúde, mas as ferramentas para os gestores estão na mesa, e eles precisam coloca-las para trabalhar a seu favor urgentemente.
Mãos à obra, e boa sorte!

Artigo por Ricardo Ramos, Vice-Presidente de Negócios da Funcional Health Management.

*Proibida a reprodução desse conteúdo sem autorização.

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